Histórias em quadrinhos na Educação

Falando do Histórico das HQs em Sala de Aula

Associa-se as histórias em quadrinhos (HQ), desde o início do século XX, com a publicação da revista "O Tico-Tico", em 1905 que, publicava HQs produzidas por artistas brasileiros. Além das histórias infantis e passatempos, eram publicados HQs com temas da História do Brasil e contos da nossa literatura (em capítulos seriados). Foram, ainda publicados, algumas obras estrangeiras. Dessa forma, a revista gerou uma série de livros chamada Biblioteca Infantil d'O Tico-Tico, onde, publicou-se vários títulos de autores brasileiros. Mas, a revista perde força com a publicação dos personagens oriundos dos syndicates norte-americanos, no ano de 1929.

O jornal O Correio Universal de Maurício Ferraz e Helena Ferraz de Abreu, surge em 1936. Lança O Fantasma de Lee Falk, HQ de muito sucesso à época. Francisco Acquarone, lança no mesmo tabloide, João Tymbira ao redor do Brasil, além de adaptar a obra literária O Guarani de José de Alencar. Outras adaptações para os quadrinhos surgem na época. O jornalista Nelson Rodrigues, adapta para as HQs, a obra O Fantasma de Canterville de  Oscar Wilde que, foi desenhado por Alceu Penna e a HQ, foi publicada no tabloide em 1938.

Em 1948, Surgem algumas revistas e inicia-se um período de onde várias adaptações de livros de autores brasileiros, de obras brasileiras, publicados por algumas editoras que, seguem a linha de publicações em bandas (plataformas) HQ. Mas, é a editora Brasil-América (ABAL), com o lançamento da revista Edição Maravilhosa que, trazendo publicações, numa versão brasileira das publicações norte-americanas Classics Illustrated e Classics Comics, até a publicação da edição de número 23. A partir da edição de número 24, iniciando uma série de adaptações de livros brasileiros, cria o termo "quadrinização". Que, é o processo de transposição literária para o formato de banda desenhada para as HQs.

Em 1947, o Serviço Social da Industria (SESI), lança a revista "Sesinho", distribuída gratuitamente, até a atualidade.

Em 1954, as HQs sofrem  fortes críticas do psicólogo alemão, Fredric Wertham. Em seu livro Seduction of the Innocent, publicado nos Estados Unidos. Alegando que exerciam má influência em crianças e adolescentes. com isso, as editoras americanas se viram obrigada a criar o "Comics Code Authority", um código de autocensura, tentando afastar tais críticas. Houve perseguição aos HQs, também no Brasil. No mesmo ano, a EBAL criou os "Mandamentos das histórias em quadrinhos". Versão Brasileira do código de autocensura norte-americano. Essa autorregulamentação modificou o conteúdo das revistas, a escolha de cores, temas e palavras. Todas que ostentavam o selo na capa estavam nesse padrãoEssas regras foram utilizados na adaptação de Casa-Grande & Senzala de Gilberto Freyre.

Ainda na década de 1950, a EBAL publicaria as revista "Série Sagrada" trazendo as publicações, "A Bíblia em Quadrinhos e Ciência em Quadrinhos". Além, da republicação da revista, "Edição Maravilhosa".

Na década de 1970, surgem os pioneiros na utilização da linguagem das HQs, nos livros didáticos. O argentino radicado no Brasil, Rodolfo Zalla e o ítalo-brasileiro Eugênio Colonnese.

Em 1983, Carlos Eduardo Novaes, escritor e humorista, lança seu livro "Capitalismo para Principiantes", utilizando-se da estrutura de uma HQ, didática.

Em 1995, a editora Makron Books lançou o livro téorico "Desvendando os quadrinhos" (Understanding Comics no original). A obra ganharia o "Troféu HQ Mix" na categoria livro téorico. Os lançamentos de um nova versão do livro de Scott MacCloud, repetiria-se em 2004. Em 2005, a Makron Books lança uma nova versão do livro, "Reinventando os Quadrinhos" (lançado originalmente no mercado norte-americano em 2000, com o título Reinventing Comics), do mesmo autor. MacCloud foi o primeiro grande defensor das chamadas "Webcomics". Quadrinhos online com publicação exclusivamente pela internet. Em 2009, a editora "Novatec", inicia a publicação de livros técnicos em estilo "Mangá". Forma japonesa para designar história em quadrinhos.

Analisando a timeline descrita, do ponto de vista da utilização das HQs na educação, como ferramenta didático-pedagógica. Percebemos não tratar-se de nenhuma novidade. Apesar dos altos e baixos, das duras críticas que sofreu à utilização dessa ferramenta e da necessidade de criar-se códigos de autocensura e auto-regulamentação para o combate a tais críticas. Vimos que sua aplicação, deu-se no início do século XX.

A Legislação Brasileira

Duas, são as instâncias no Brasil que, regulamentam a utilização dos quadrinhos, como ferramenta didático-pedagógica. A Lei de Diretrizes e Bases de 1996 (LDB) e os Parâmetros Curriculares Nacional (PCN). Nelas, foram previstas a utilização das HQs como ferramenta didático-pedagógica. Mas, estamos engatinhando para o cumprimento da legislação. Seja pela falta de profissionais preparados para o uso dessa ferramenta. Impõe-se uma dificuldade muito grande, uma vez que, o professor não possui a técnica dos quadrinhos, em sua maioria. Por sua vez, o quadrinista, na maioria das vezes, não possui a didática necessária para transmitir o conteúdo que, se deseja. Aliando-se ainda a esse entrave, a escassez bibliográfica. Mesmo sendo utilizado com frequência em concursos vestibulares, as tiras de quadrinhos, cartums e as charges, são exceções no universo da literatura. Apesar de observar-se o esforço de diversas editoras, brasileiras e estrangeiras e da criação de licenças de flexibilização, como é o caso das "Licenças Creative Commons". As primeiras, foram publicadas em 16 de dezembro de 2002. Garantem a distribuição gratuita das obras tuteladas, com direitos autorais e sem modificação do original. Estas licenças para fora das jurisdições nos Estados Unidos, estão sob a tutela da "Creative Commons International". Algumas licenças mais recentes, não garantem esse direito.

A formação de novos profissionais que agreguem a seu currículo não apenas uma formação acadêmica e sim uma formação livre, tem permitido interessantes intercâmbios e é um dos principais responsáveis pela ampliação desse filão de ensino. Desde 2006, o "Programa Nacional Biblioteca da Escola" passou a incluir quadrinhos na lista anual de compras de livros. Algumas escolas mantém bibliotecas exclusivas para histórias em quadrinhos, as chamadas gibitecas.

Referências:

Wikipédia - A enciclopédia livre

Comentários

  1. Fantástico a matéria. Não imaginava que a origem dos quadrinhos era tão distante. A matéria também nos mostra um portante segmento a ser explorado dentro da educação. Talvez não só educação infantil mas educação de jovens e adultos.

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